Estrada Paraná-Mato Grosso

20:51

Originalmente os trechos que seguem foram publicados por Edmundo Mercer no Jornal Diários dos Campos de Ponta Grossa em 14 de Agosto de 1913, intitulado “Estrada Paraná-Mato Grosso. Ligação do Paraná ao rico Estado de Mato Grosso. Povoamento e valorização do riquíssimo Ocidente Paranaense. Importação de gado de Mato Grosso”.

“Entretanto, cada vez mais cresce a necessidade de, por qualquer forma, realizarmos o sonho dos nossos antigos estadistas. E não se diga que as anteriores tentativas se frustraram porque uma estrada entre os Estados do Paraná e Mato Grosso seja de pouca de utilidade. Basta que coloquemos diante de nossos olhos uma carta cartográfica do País e atentemos para as condições topográficas dos dois Estados em questão e para as riquezas peculiares a cada um deles, para nos convencermos da oportunidade de tentamen, aliás, perfeitamente viável” (p.89).
“Ora, se antigamente já não podíamos tachar de “sonhos utópicos” ou “devaneios de acesa imaginação” a construção de uma estrada para o Mato Grosso, por que não a construirmos hoje, quando isso constitui uma necessidade inadiável?” (p.89).
“Nossos campos no Paraná estão completamente despovoados. Poder-se-ia dizer que a indústria pastoril nos Campos Gerais é quase letra morta, que a tendência manifesta de desaparecer de uma vez se não se abrir em Mato Grosso uma válvula que expila alguns de seus milhões de bovinos para os nossos prados outrora repletos de gado e hoje transformados em deserto [...]” (p.90).
 “Essa estrada, cuja conclusão se impõe pelas vantagens reais que trará ao nosso Estado, atravessará o rio Paraná, pouco abaixo da foz do rio Ivaí, percorrerá o famoso Campo Mourão e os grandes faxinais que o rodeiam, bifurcando-se pouco aquém do Campo Mourão num ramal para Guarapuava e noutro para a Vila de Tibagi, com as seguintes distâncias: de Guarapuava ao rio Paraná 60 léguas; de Tibagi ao rio Paraná, 65 léguas” (p.90).
“Daí a razão por que a necessidade de conclusão da Estrada Paraná-Mato Grosso é um fato incontestável. Concluída ela, todo o gado do sul e sudoeste de Mato Grosso, assim como o gado do norte do Paraguai, derivarão para o Estado do Paraná, então se reerguerá a indústria pastoril em nosso Estado, e consequentemente, virão as charqueadas, os frigoríficos e as demais indústrias conexas. E não ficará aí o alcance do empreendimento” (p.91).
“A Estrada Paraná-Mato Grosso virá ainda servir o “Campo Mourão”, já povoado, desenvolvendo nele a indústria pastoril e as culturas de café, cana-de-açúcar, iniciadas com êxitos pelos seus moradores; abrirá para os imensos ervais que circundam o “Campo Mourão” um escoadouro fácil para os mercados do rio da Prata, graças à ligação da navegação do alto e baixo Guaíra, e virá finalmente concorrer em alto grau para o povoamento e valorização da ‘zona mais rica e plana’ do Estado do Paraná” (p.91).

REFERÊNCIA
MERCER, Luiz Leopoldo. Edmundo Alberto Mercer. Toca Mercer, um livro só para nós. Edição comemorativa de seu 1º centenário, 1978.


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