Posição do GT de Ensino de história e Educação (Paraná)
sobre "SUGESTÃO" DE MATRIZ CURRICULAR

O GT de Ensino de História e Educação (ANPUH-Paraná) manifesta-se CONTRÁRIO à “sugestão” da Matriz Curricular do Ensino Fundamental e Médio do Estado do Paraná para 2013, que reduz as aulas das disciplinas de: Arte, Filosofia, Sociologia, Geografia, História e Educação Física na Educação Básica. Consideramos que “sugestão” neste contexto, subentende medidas políticas educacionais antidemocráticas, na medida em que não se pauta em uma consulta prévia das partes diretamente envolvidas, os agentes escolares, de forma transparente, criteriosa e coerente.
Acreditamos que tais medidas, como modo de resolver problemas apresentados com o índice do IDEB, configuram-se na reedição de uma visão reducionista própria dos governos militares das décadas de 70-80 do século passado, que mensura a qualidade de ensino de forma quantitativa, e apenas por determinados conhecimentos de Português e de Matemática. No caso da História (e de Geografia), lembramos a sua substituição pela disciplina de Estudos Sociais no então chamado primeiro grau, fundamentada na mesma premissa generalizante, superficial e desmobilizadora. Reconhecemos a importância das disciplinas de Português e de Matemática para a qualidade de ensino, se pensadas pela perspectiva da formação do cidadão e não concordamos com a visão tecnicista que secundariza as outras disciplinas. Se há a necessidade de ampliar a carga horária das disciplinas de Português e de Matemática, isto não pode ser realizado à custa das outras disciplinas escolares, ou seja, deve-se buscar outros meios para tal empreitada.
Lembrando que as disciplinas escolares que pela Matriz Curricular “sugerida” são abreviadas, − do qual aqui destacamos a História −, são aquelas cujo objetivo é o de formar para a crítica, a cidadania, a ética, a reflexão, que são capacidades necessárias para empreender ações voltadas para a construção de uma realidade mais justa e democrática.
O modelo de Matriz Curricular apresentado pela SEED está em descompasso com as discussões/reflexões recentes travadas por pesquisadores do ensino/aprendizagem de história, bem como em relação às questões do ENEM e dos vestibulares das universidades paranaenses e ainda, em relação às Diretrizes Curriculares da Educação Básica – HISTÓRIA. 
Propomos a reflexão sobre os motivos estruturais do índice considerado baixo do IDEB: infraestrutura da escola; salas de aula com excessiva quantidade de alunos; sucateamento dos recursos tecnológicos de apoio didático-pedagógico; insuficiente apoio ao PDE e a qualquer curso de formação continuada; parcos recursos destinados à educação em geral; fundamentos do documento sobre “expectativas de aprendizagem”; a legitimidade da implementação do SAEB como possibilidade de avaliação e consequente intervenção na educação; professores PSS e QPM sem formação específica ou habilitados em outras áreas do conhecimento que ministram aulas de diversas disciplinas que não a de sua formação; diminuição do número de funcionários e equipes pedagógicas nas escolas; professores que trabalham até 60 horas semanais devido ao baixo salário e desrespeito ao calendário de implantação da Lei do Piso Salarial Nacional do Magistério retroativo a janeiro de 2013 e aos os 33% de hora atividade.


Em 27 de Novembro de 2012

Márcia Elisa Teté Ramos
(coordenadora)

Geni Rosa Duarte
(vice-coordenadora)

Fonte: http://www.pr.anpuh.org/



PROFISSÃO DE HISTORIADOR: MARCHA DA INSENSATEZ OU DO DESCONHECIMENTO?

Nós, historiadores profissionais, sabemos que uma das regras básicas do nosso ofício é a elaboração de um discurso de prova, assentado na pesquisa e na crítica dos vestígios do passado, os documentos . Fernando Rodrigues, por não ter essa formação, talvez desconheça essa regra tão elementar e, por isso, não se deu ao trabalho de ler com atenção o documento que deveria balizar a sua análise (sic) publicada no jornal Folha de São Paulo de 10 de novembro de 2012: o Projeto de Regulamentação da Profissão de Historiador, aprovado no Senado Federal na última quarta-feira. Em nenhum momento este projeto veda que pessoas com outras formações, ou sem formação alguma, escrevam sobre o passado e elaborem narrativas históricas. Apenas estabelece que as instituições onde se realiza o ensino e a pesquisa de História contem com historiadores profissionais em seus quadros, por considerar que, ao longo de sua formação, eles desenvolvem habilidades específicas como a crítica documental e historiográfica e a aquisição de conhecimentos teóricos, metodológicos e técnicos imprescindíveis à investigação científica do passado. Da mesma maneira, a regulamentação pode evitar que continuem a se verificar, nos estabelecimentos de diversos níveis de ensino, situações como a de o professor de História ser obrigado a lecionar Geografia, Sociologia, Educação Artística, entre outras disciplinas, sem ter formação específica para isso (e vice-versa).
Temos certeza que o Senador Cristovam Buarque, tão sensível aos problemas da educação brasileira, apóia esta idéia, pois ela possibilita um ensino mais qualificado.
Temos certeza também que o Senador José Sarney, conhecedor do teor do projeto, está tranqüilo, pois sabe que não vai ser impedido, como nenhum cidadão brasileiro, de escrever sobre a história de seu estado, ou de qualquer período, indivíduo, localidade ou processo. Isso atentaria contra as liberdades democráticas, das quais os historiadores profissionais são grandes defensores.
Fique tranqüilo senhor Fernando Rodrigues, o senhor também poderá escrever sobre história. Só sugerimos que leia os documentos necessários antes de o fazer.

Benito Bisso Schmidt

Presidente da Associação Nacional de História – ANPUH-Brasil
(Gestão 2011-2013)



Fonte: Associação Nacional de História - ANPUH-Brasil
 

A ANPUH E O ENSINO DE HISTÓRIA

A segunda secretaria da Anpuh, responsável pelo Fórum de Graduação, juntamente com a atual coordenação do GT Nacional Ensino de História e Educação, tem procurado, desde sua constituição, estabelecer princípios norteadores conjuntos para o desenvolvimento de suas ações, cujas diretrizes foram definidas na reunião nacional, acontecida em março de 2012.
Neste sentido, temos ouvido as demandas dos colegas das distintas regiões do país e assumimos as ações da 2ª secretaria apoiando firmemente a atuação do GT Nacional em sua articulação para construção coletiva e articulada dos GTs estaduais. Seguindo esses princípios, temos atuado em diversas frentes: acompanhando e participando o debate das Políticas Públicas que afetam o ensino de História; estimulando a participação dos professores da Educação Básica por meio de campanhas de mobilização; fortalecendo a articulação interna da entidade, por meio do fomento dos GTs estaduais (nesse sentido, foram criados ou reativados 09 GTs estaduais); e constituindo um eixo de pesquisa vinculado ao GT, por meio do Projeto Panorama.
Recentemente, uma série de eventos trouxe à baila discussões sobre o lugar da disciplina História no currículo da Educação Básica e o espaço da pesquisa na área do ensino de História, nas instituições de Ensino Superior, em particular, nos cursos de História. O edital para um concurso de professor para a área de Ensino de História na Universidade Estadual do Ceará, que excluía a participação de doutores em outras áreas, alimentou um importante debate relativo ao perfil dos profissionais que atuam na área e ao sentido de manutenção de uma área de pesquisa, que, infelizmente, ainda parece não obter reconhecimento em certos segmentos acadêmicos. Por outro lado, a difusão das "Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio" a partir das discussões a respeito do "mau" desempenho das escolas públicas no ENEM, deu-se em meio a uma discussão enviesada que apontava para o suposto inchaço do currículo e a necessidade de "fusão" das disciplinas em áreas, trazendo à baila a possibilidade de esvaziamento e destituição das disciplinas de seus estatutos específicos de cientificidade. Essas discussões, que acenderam debates sobre a possibilidade de "retorno" de uma formação aligeirada em Ciências Humanas e um novo movimento de reformas do Ensino Médio, têm sido objeto das preocupações da ANPUH-Brasil.
Por isso, recentemente, a 2ª secretaria, por intermédio do GT, e em nome da Direção Nacional, solicitou reuniões junto ao MEC, a CAPES e ao Conselho Nacional de Educação (CNE), para solicitar informações sobre as reformulações em curso e discutir os rumos das políticas públicas que afetam o ensino de História. Para representar a ANPUH nessas reuniões foram indicados os membros GT de Ensino de História e o Prof. Carlos Augusto Lima Ferreira. Essas reuniões ocorreram todas no dia 01/10/12 em Brasília.
As pautas das reuniões foram diferenciadas, segundo uma agenda específica previamente acertada com cada um dos órgãos. Na CAPES, nos reunimos com o coordenador do PIBID, Prof. Helder Eterno da Silveira. Discutimos o PIBID na área de História e expressamos a intenção de organizar um evento de caráter nacional, em articulação com outras entidades, que reúna as experiências desse programa, com o objetivo de refletir sobre os resultados do programa na Educação Básica e os impactos nos cursos Licenciatura de História. No MEC nos reunimos com a Diretora de Currículos e Educação Integral, a Profa. Jaqueline Moll, e com a Coordenadora Geral do Ensino Médio, a Profa. Sandra Garcia, para tratarmos da pauta da reforma do Ensino Médio e os caminhos indicados pelos debates em torno do ENEM. Expressamos a preocupação da entidade de que a reforma induza as redes de ensino a suprimirem as disciplinas criando áreas amorfas e descaracterizadas. Segundo a equipe do MEC, a intenção não é realizar uma reforma que trabalhe com essa perspectiva para as redes, mas sim fomentar um debate preliminar no MEC sobre os desdobramentos das novas diretrizes curriculares, que tem sido feito na perspectiva dos "direitos de aprendizagem" dos alunos. Segundo o MEC o objetivo é ampliar esse debate e, na ocasião, convocou a ANPUH – como entidade coletiva dos historiadores – a participar das discussões, junto a outras associações de ensino. No CNE, nos reunimos com o presidente da Câmara de Ensino Superior, o Prof. Gilberto Gonçalves Garcia, para tratarmos dos possíveis desdobramentos das reformas sobre as diretrizes curriculares nacionais dos cursos de História. Nesse sentido, a ANPUH foi convidada a articular uma reunião com as demais associações representativas da área de humanas, junto ao CNE para iniciar essa discussão.
O objetivo destas reuniões foi provocar no MEC, CAPES e CNE, a necessidade de ampliar os debates sobre as novas diretrizes curriculares nacionais e seus impactos sobre a disciplina História e a formação dos professores nessa área, por meio do diálogo com instituições coletivas, como a ANPUH, AGB, dentre outras.
Representantes do GT Ensino de História e Educação da ANPUH também participaram de outra reunião no CNE, ocorrida em 10/10/12. Articulada pela SBPC, a reunião contou com presença de diversas associações científicas. A possível integração das disciplinas escolares em áreas comuns gerou amplas discussões. A divulgação do tema realizada por órgãos da imprensa promoveu repercussões tanto entre as sociedades científicas como nos espaços escolares, motivando manifestações que apontam para a incompatibilidade dos atuais processos formativos no âmbito do ensino superior com a suposta proposta de integração disciplinar que partiria do MEC.
Os conselheiros José Fernandes Lima (presidente do CNE) e Erasto Fortes Mendonça esclareceram aos presentes que as Novas Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio mantêm as disciplinas escolares. Apresentando o relato da reunião realizada no dia 01/10 no MEC, os representantes da ANPUH reforçaram as falas dos conselheiros, informando que os integrantes do referido órgão governamental pretendem contar com o apoio das associações científicas para avançar no debate relativo às reformas curriculares.
Os encaminhamentos da reunião acerca da discussão das reformas curriculares para o Ensino Médio foram os seguintes: estreitamento das relações entre as associações científicas para a intervenção nas questões educacionais; articulação das associações científicas no sentido de participar do processo de discussão curricular; elaboração de um documento solicitando ao MEC um encontro do ministro com as associações científicas para o estudo de propostas, considerando sua viabilidade e potencial de implementação.
Como resultados desses encontros, apontamos a abertura do MEC, e dos demais órgãos visitados, ao diálogo sobre os temas levantados, reconhecendo a ANPUH como uma das entidades qualificadas para esse debate.
Como encaminhamentos dessas reuniões, estamos buscando outras entidades e associações para constituir um espaço de diálogo mais amplo relativo aos desdobramentos das novas Diretrizes Curriculares Nacionais; além disso, também estamos articulando formas de participação, que assegurem a mobilização coletiva nesse processo, enfatizando tratar-se de um debate público, que, necessariamente, expressará diferentes visões sobre o tema. Afinal, entendemos que uma de nossas tarefas, naquilo que cabe à 2ª secretaria e ao GT, é forjar os meios para que os associados da ANPUH-Brasil possam se manifestar e promover ações que deem visibilidade ao debate.

Carlos Augusto Lima Ferreira
2º secretário da ANPUH-Brasil (Gestão 2011-2013)

Arnaldo Pinto Jr, Paulo Mello e Ricardo Oriá
Coordenadores do GT de Ensino de História da ANPUH-Brasil


Fonte: Associação Nacional de História - ANPUH-Brasil




Associação Brasileira de Ensino de História disponibiliza os trabalhos completos da ENPEH



A Associação Brasileira de Ensino de História (ABEH) e a Comissão Organizadora do IX Encontro Nacional dos Pesquisadores do Ensino de História (ENPEH) disponibilizaram os Anais do evento intitulado América Latina em perspectiva: culturas, memórias e saberes, que acorreu no campus da Universidade Federal de Santa Catarina, na cidade de Florianópolis, nos dias 18, 19 e 20 de abril de 2011.
Os encontros da ENPEH são realizados no Brasil desde 1993, com discussão sobre os fundamentos teóricos e metodológicos das pesquisas realizadas sobre Ensino de História, na interface com a Educação e a História. Como resultado desse movimento e do significativo acúmulo de conhecimentos produzidos sobre o ensino de História nos cursos de pós-graduação, além de crescente definição de objetos, fontes, metodologias e diálogos interdisciplinares.
Entre os principais objetivos da ENPEH está em dar continuidade ao debate teórico e metodológico existente em âmbito nacional; estimular, na perspectiva interdisciplinar, os espaços de discussão sobre as pesquisas no ensino de História nas Américas; assegurar a produção e difusão do conhecimento sobre Educação, História e o seu ensino, nos âmbitos nacional, latino-americano e internacional e, por fim, criar espaços privilegiados para o diálogo entre os diversos Grupos de Pesquisa(GPs).
Nesse sentido, a ENPEH entende que as relações existentes entre a educação e a história são híbridas e, como tais, complexas. Sua complexidade advém das dimensões do campo investigativo, que abrange dados empíricos e teóricos provenientes de áreas distintas, com especificidades próprias. Portanto, o objetivo é a criação do espaço destinado ao diálogo entre grupos de pesquisa.

Para acessar os trabalhos completos do IX Encontro Nacional dos Pesquisadores do Ensino de História (ENPEH): http://abeh.org/trabalhosixenpeh/index.php

...

...
Grupo em reunião no Laboratório de Ensino de História.

...

...
Acadêmicos e acadêmicas em reunião para discutir o planejamento de atividades.

...

...
Aplicação das atividades produzidas para um dos colégios participantes.