No fim do século XIX, a
política imigratória então adotada no país possuía dois objetivos básicos:
fundar colônias nos estados meridionais para criar uma cultura de subsistência
e obter mão-de-obra para as fazendas cafeicultoras, especialmente as de São
Paulo.
O governo brasileiro
assinou contratos com várias companhias de navegação transoceânica. Estas
recebiam do governo o capital empatado na viagem com o lucro correspondente, no
prazo de vinte dias após o desembarque dos imigrantes na Ilha das Flores, na
Baía de Guanabara. Agentes espalhavam
pela Europa artigos, livretos e comunicados sobre as condições oferecidas pelo
Brasil. Nos países eslavos, tais agentes encontraram campo dos mais propícios
para sua atuação, e a propaganda, por vezes, decaía em lamentáveis excessos.
Entre tais agentes,
encontrava-se o famoso Gergoletto, de procedência italiana, que em 1893,
disfarçado de simples camponês, visitou centenas de aldeias e povoados
ucranianos. Apresentava-se ele como Rodolfo de Habsburgo, herdeiro do trono
austríaco, que se suicidou em 1889 (Tragédia de Mayerling), mas em cuja morte
os camponeses ucranianos não acreditavam, convencidos de
que o único filho do imperador Francisco José vivia oculto por razões diversas.
O impostor promoveu a propaganda de emigração para o Brasil. Não se limitando a
motivos de ordem econômica, aliou-se a certos movimentos de caráter sociopolítico
e às tendências da população.
Esse agente desonesto prometia
ilimitadas terras férteis, florestas, casas de graça, e gado, cavalos e dinheiro
para as despesas iniciais. Então, a partir de 1895, teve início uma verdadeira “saída”
de camponeses da Ucrânia para o Brasil, à custa do governo republicano
brasileiro.
Adaptado de: BORUSZENKO,
Oksana. Os Ucranianos. In: Boletim
informativo da casa Romário Martins. 2ª ed. Curitiba, 1981.
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